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  • Foto do escritorEduardo Machado Homem

Segurança: o risco em fazer o que é certo.

Esse não é um texto crítico à nova visão de segurança, muito pelo contrário, é propositivo em relação à aplicação dos conceitos defendidos por esse movimento.

Eu tive o primeiro contato com os conceitos defendidos pela nova visão de segurança ou segurança 2 em 2015 no website EHS Today. Nessa época, me deslumbrei com o que era exposto e cheguei a escrever textos sobre esse tema e seus princípios.

Como tenho um perfil cético sobre a vida corporativa e costumo desconfiar de tudo que se diz “novo” ou uma “evolução” daquilo que existe, refleti bastante para entender as origens clássicas dos conceitos expressos em segurança 2 ou nova visão.

Em especial, gosto de colocar atenção sobre os seguintes conceitos: - O erro é normal, esperado e pessoas sempre errarão; - Contexto dirige o comportamento; - Work as done vs Work as imagined;

Toquinho, em sua música Errar é Humano de 1987, diz que está tudo bem não ser o melhor, o perfeito, o sabe tudo, pois o certo você saberá errando. E Sócrates, 2.000 anos antes já disse: “Sei que nada sei”. Ou seja, pessoas com muita mais riqueza intelectual do que nós sempre disseram: tudo bem se você errar, aprenda com isso. Mas nós insistimos no erro zero, acidente zero, falha zero etc.

Sobre o contexto definir nosso comportamento, se pesquisar sobre o assunto você perceberá que isso já está na base do behaviorismo, desde 1910, pelo menos. Portanto, não é novo.

O termos em inglês work as done/work as imagined me foi apresentado pela primeira vez em 2005 quando fiz uma especialização em Ergonomia: tarefa prescrita e tarefa real. Ou seja, também não é novo.

Me parece que as novas visões de segurança ou segurança 2 funcionarão como óculos para os míopes que ainda não tiveram a oportunidade de enxergar a segurança como ela deve ser. Eu já uso esse óculos há 20 anos, mas não por mérito próprio e sim porque tive a sorte de ter bons professores e de ter a curiosidade de ler e pesquisar sobre aquilo que me proponho a fazer.

Ainda assim, há um risco importante a ser considerado quando você tentar levar todos esses conceitos para dentro da organização que você trabalha. Primeiro, a frustração por não conseguir implementar de forma plena todos os conceitos e o risco de ser excluído se insistir com muita força.

Não é incomum ter que lidar com conflitos entre objetivos organizacionais, operacionais e iniciativas relacionadas à construção da cultura de segurança. Todos que já trabalharam para desenvolver líderes em segurança e implementar práticas seguras sabe exatamente do que se trata tais conflitos. E eles são normais e esperados que aconteçam durante o processo de amadurecimento da cultura. A questão importante é não se frustrar com os inúmeros conflitos que surgirão e desistir ou deixar de lado os esforços necessários em nome de uma convivência amistosa e perniciosa com gestores.

Caso insista, de maneira intransigente, sem fazer concessões e seja inflexível na implementação das práticas e conceitos que acredita serem verdadeiros, você pode se tornar “persona non grata”, ou seja, não gostamos de conviver com alguém que teima em nos dizer que estamos errados.

Esses são os riscos: se frustrar ou ser excluído por buscar fazer aquilo que se prega como sendo o certo e o melhor a se fazer. Todos lhe dirão o que fazer e como fazer, mas não lhe dirão quais são os limites da insistência ou a abordagem mais palatável com gestores ou como interagir politicamente com as partes interessadas.

Fazer o que é certo implica em ter que lidar com riscos para a sua vida profissional e isso serve para profissionais de segurança e gestores. Portanto, seja cético com aqueles que sabem o que fazer, mas que nunca aplicaram o que alardeiam nas próprias operações.

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