É impressionante o quanto aprendemos quando estamos dispostos e abertos para o simples e real. Por isso, quero compartilhar duas situações pelas quais passei e que me fizeram rever pensamentos e me lembrar que é sempre importante voltar às bases do conhecimento, ou seja, voltar ao que é básico.
Diz a lenda que o imperador Júlio César tinha um escravo que o acompanhava o tempo todo para sempre cutucar seu tornozelo, pois isso ajudava o imperador romano a lembrar que ele era humano. Se até Júlio César precisava destes avisos, imagine o quanto nós precisamos estar atentos à nossa condição limitada de humano.
Quanto mais estudo o tema segurança do trabalho, mais minha autocrítica me avisa para voltar ao básico, pois a tendência é se distanciar de conceitos fundamentais e me afastar daquilo que, de fato, importa: impedir que acidentes aconteçam.
Em uma determinada reunião de CIPA, gestores operacionais discutiam uma ação que deveria ter sido concluída há mais de 2 meses. A conversa tomou um caminho tão longo e complexo que começamos a falar sobre indicadores proativos, cultura de segurança, liderança, engajamento das equipes etc. Num determinado momento, um dos gestores disse que precisávamos rever nossa abordagem em segurança, pois nos importávamos muito com os acidentes e dávamos pouca atenção para aquilo que fazíamos bem, como reporte de riscos, bloqueio de energias perigosas, análise de riscos etc.
Por um momento ficou um silêncio, pois achávamos que era uma provocação inteligente e que precisávamos refletir. De repente, um cipeiro (ou cipista), nos chocou com sua visão simples e objetiva: “Eu achei que a gente fazia tudo isso para evitar acidente, mas deve ter outro motivo”.
Numa outra empresa, eu participava de uma reunião com a diretoria da empresa para compartilhamento de metas e objetivos para o ano. Num determinado momento, o diretor geral disse que, para o ano atual, iríamos reduzir o número de acidentes fatais. Como os microfones da videoconferência estavam abertos, ouviu-se uma voz baixa, no fundo, dizendo assim: “Não devia ser zero fatalidade?”.
Quando estiver muito envolvido com um determinado tema específico em segurança, lembre-se do único objetivo que importa: prevenir acidentes. Tudo que fazemos em segurança deve estar direcionado para isso.
Falamos muito sobre o processo, sobre gestão, cultura, liderança, cuidado ativo, segurança psicológica, novas visões e segurança 1/2/3/4, mas precisamos lembrar que o que importa é evitar acidentes. Aos olhos do nosso principal cliente interno, todo esse emaranhado de assuntos pode estar nos distanciando daquilo que importa: evitar acidentes. E esse é o único resultado que engaja, de verdade. #segurançadotrabalho #culturadesegurança #liderança #comportamentoseguro
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