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  • Foto do escritorEduardo Machado Homem

Segurança do trabalho como estratégia organizacional. E o SESMT com isso?

Para entender a segurança como estratégia é preciso compreender como a qualidade em produtos e serviços trilhou e ainda trilha essa jornada.

Sobre qualidade em produtos e serviços, diz-se que já não se trata de um diferencial para o resultado das organizações, mas do mínimo a ser oferecido ao mercado para que a empresa sobreviva e se mantenha como um concorrente relevante. Mas houve uma época em que a qualidade não estava nem na lista de itens a serem exigidos, ou seja, era-se refém de uma ou duas empresas que ofereciam determinado produto ou serviço, sem qualidade e pouco acessível. E não havia opção.

Com a abertura do mercado à concorrência, a informação do consumidor sobre suas opções e a conscientização da sociedade sobre seus direitos, a exigência de qualidade nos produtos e serviços consumidos se tornou algo comum ao ponto de sentirmos frustração, raiva e indignação quando adquirimos um produto ou serviço ruim, isto é, quando não levamos a qualidade que compramos.

A partir disso, a qualidade se integrou ao negócio. Não foi a integração da qualidade ao negócio pela equipe de qualidade que a transformou em um item essencial para as empresas, foi o mercado consumidor exigente e consciente de seus direitos e possibilidades que obrigou as organizações a transformarem a qualidade em um aspecto intrínseco ao negócio. Era isso ou tornar-se irrelevante no mercado ou, talvez, desaparecer.

Você pode imaginar que este racional não se aplica à segurança e saúde do trabalhador porque, afinal, estamos falando de pessoas e não bens materiais adquiridos pelos consumidores. Entenda, então, que quando se fala de qualidade de produtos e serviços também estamos falando de segurança do produto/serviço, ou seja, a deficiência na qualidade pode ter consequências que vão além da insatisfação e frustração dos desejos do consumidor e pode comprometer sua integridade. Pense em pequenas peças de brinquedos que crianças podem engolir ou em embalagens de achocolatado contendo soda cáustica ao invés de produto.

Você já se questionou sobre como o produto ou serviço que você adquiriu chegou até você? Como foi produzido? Como foi transportado? De onde veio a matéria-prima e insumo usados no processo de fabricação? Quanto os trabalhadores receberam? Quais as condições de trabalho destes trabalhadores? Provavelmente, não.

Este ainda é um tema incipiente na sociedade e que começa a ter espaço na mídia e nas conversas entre as pessoas. Há muitas notícias sobre grandes empresas que, sem saber, se beneficiaram de trabalhos análogos à escravidão. Há informação suficiente sobre acidentes de trabalho fatais em empresas nos maiores websites de notícias. Basta procurar.

A conclusão do momento é que o mercado consumidor ainda não compra ou paga pela integridade física e mental dos trabalhadores que contribuem para produzir e entregar produtos e serviços adquiridos.

A visão do senso comum sobre este cenário é que os profissionais de segurança precisam ter um pensamento estratégico sobre a área para que possam integrar o tema ao negócio de maneira intrínseca. Não concordo com essa visão e a acho injusta na medida em que o profissional de segurança não detém tamanho poder de influência. Aliás, pouquíssimos líderes nas organizações possuem influência sobre a estratégia de uma empresa.

Acho leviano deixar o profissional de segurança pensar que ele pode, se desejar, influenciar a estratégia da organização. Quem vai impor esta estratégia às organizações é o mercado. A prova cabal disso está no fato de uma série de empresas que se envolvem em flagrantes situações de acidentes fatais e de trabalho análogo à escravidão ainda operarem como se nada tivesse acontecido.

Isso não quer dizer que o profissional de segurança deve esperar passivamente que a estratégia da organização se oriente para o cuidado com as pessoas que nela trabalham. Se há uma coisa importante para que o profissional de segurança desenvolva é a competência de influenciar líderes na compreensão de aspectos sistêmicos e organizacionais na gestão de segurança.

A incorporação do cuidado com as pessoas na estratégia da organização é um processo que está acontecendo enquanto você lê este texto e você que lê precisa estar preparado para cada etapa deste processo transformacional, tanto em aspectos técnicos quanto em competências sistêmicas e organizacionais. #segurançadotrabalho #hop #ehs #culturadesegurança

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