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  • Foto do escritorEduardo Machado Homem

Regras e Procedimentos em Segurança do Trabalho: Por que tantos?

O objetivo deste texto não é contrariar ou concordar com uma visão ou outra sobre segurança do trabalho, mas ir muito além disso. Eu quero ajudar na reflexão sobre os motivos de nos dedicarmos a ter bons padrões e regras para que eles sejam usados e que seus benefícios sejam sentidos, genuinamente.


No texto anterior que eu escrevi, abordei como o uso da punição é entendido como forma de estabelecer justiça em segurança do trabalho e afirmei que o caminho para mudar este entendimento é conectar o líder com a integridade das pessoas. Mas como fazer isso?


Padrões e regras, independente da sua efetividade em produzir um ambiente seguro, são pensados na intenção de ajudar as pessoas a executarem suas tarefas e atividades da forma mais segura e produtiva possível. É verdade que, em muitas das vezes, fracassam e não contribuem com todo o potencial que poderiam, mas antes de condenar o uso de padrões e regras pela sua baixa efetividade, devemos pensar nas razões de existirem.


Líderes são os representantes dos interesses da organização e exercem essa representação através da autoridade que lhes é delegada. É muitíssimo importante que se entenda que eu não estou tratando de autoritarismo, mas de autoridade. Todo profissional de liderança e de segurança do trabalho deve conhecer a diferença entre os conceitos de autoridade e autoritarismo, pois decisões demandam autoridade para que sejam tomadas e cumpridas.

O autoritarismo apenas impõe, obriga e constrange.


O líder exerce sua autoridade a partir do uso de padrões e regras como uma das ferramentas de autoridade e, eventualmente, acaba por ser seduzido pela punição como forma de obtenção de disciplina, um erro terrível, apesar de muito comum. Nós já sabemos que punição e disciplina não se conversam bem.


Na literatura do mundo corporativo há inúmeras metodologias que, se usadas, prometem desenvolver padrões e regras efetivas. Escolha aquela metodologia que melhor lhe parecer aplicável, mas garanta que os executores estejam intimamente, plenamente e intensamente envolvidos na confecção e aprovação de padrões e regras. O envolvimento dos executores na confecção de padrões e regras não é uma bandeira a ser defendida, mas o mínimo a ser feito para que tenhamos documentos efetivos ao invés de muito papel meramente decorativo sobre os processos, atividades e tarefas.


A partir de que momento podemos entregar com confiança os padrões e regras para a operação usá-los de maneira autônoma e responsável? Ou seja, a partir de que momento podemos garantir que a supervisão não será necessária?


Essa garantia não existe. Pessoas são seres sociais, o ambiente social antecede o indivíduo, portanto o comportamento é definido pelo contexto e não há líder onipresente e onipotente que consiga garantir, todo o tempo, um contexto favorável ao comportamento seguro.


O líder pode e deve desenvolver, capacitar, treinar e prover recursos para que a operação desenvolva habilidades e atitudes da melhor forma possível a partir do que existe de melhor na organização. A partir disso, o cuidado ativo permitirá que a autonomia seja uma realidade operacional para a busca da disciplina operacional.


Quando menciono o cuidado ativo quero abordar a intenção genuína de garantir que cada um tenha a capacidade de ser um vigilante da própria integridade e da integridade do outro.


Para escrever este texto, me inspirei na passagem abaixo que eu extrai e adaptei alguns termos de um livro que li há muito tempo:


“... códigos e regulações revelam uma intenção de ajudar a todos (...). Esse é também o objetivo da autoridade sobre as pessoas(...). Não lhes permitimos que disponham de si mesmas antes que lhes tenhamos estabelecido na alma uma ordem. Mas depois de ter desenvolvido sua parte melhor com o que de melhor há em nós mesmos e depois de haver substituído nossa participação com um guardião e um guia semelhante nelas, finalmente as deixamos livres.”


Eu farei um pequeno mistério sobre a origem desta passagem, mas lhe garanto que você se surpreenderia com o quão diverso e amplo pode ser o pensamento sobre segurança do trabalho, cuidado, integridade humana e ética.

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