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  • Foto do escritorEduardo Machado Homem

O óbvio da segurança.

Recentemente, um contato profissional me ofereceu uma reflexão ao inserir na sua atualização de status do WhatsApp a seguinte reflexão: estamos em uma época em que o óbvio é questionado.

Esse questionamento sobre o que é óbvio sempre existiu e é possível perceber isso quando lemos obras escritas há dezenas e centenas de anos antes da nossa época. No entanto, existe uma característica especial para o momento atual que é a altíssima capilaridade da informação em grande quantidade.

No campo da segurança do trabalho, assim como em qualquer outro, se você deseja estudar sobre segurança comportamental, percepção de risco, sistema de gestão de segurança, cultura de segurança ou um tema específico de seu interesse, a informação está disponível na internet e através de uma busca rápida pelo Google. E é justamente nisso que começa o questionamento sobre o óbvio: a pesquisa rápida e a informação facilmente disponível em grande quantidade.

A internet é como uma grande reserva de informação e é preciso garimpar para encontrar aquilo que realmente vale a pena ser lido. Além disso, essa informação valiosa garimpada não é única, ou seja, não é porque você encontrou uma boa informação que o restante seja descartável.

Há alguns anos eu fui chamado para fazer uma palestra em um importante seminário sobre comportamento e cultura de segurança no interior de São Paulo. Em um determinado momento eu disse que nós não podemos mudar o comportamento do outro, mas que nós devemos mudar o contexto organizacional, ajudar a melhorar o relacionamento entre líderes e liderados, envolver as pessoas na confecção de regras e padrões, incluir os trabalhadores nas análises de risco e definição das tarefas etc. Ao final, concluí que são todas estas ações irão fomentar a mudança do comportamento na direção de um ambiente seguro de trabalho.

Quando encerrei a palestra, um profissional bastante renomado na área afirmou com veemência: “nós podemos mudar o comportamento das pessoas, sim!”. Na tentativa de contemporizar para amenizar o clima do momento, disse que estávamos falando da mesma coisa, mas com foco diferente. Na realidade, não estávamos e quem estava atento percebeu que, no mínimo, havia diferentes opiniões sobre o comportamento em segurança.

Quando as pessoas se satisfazem com as primeiras informações que recebem, correm o risco de se tornarem pessoas de um livro só. Ou seja, acreditam que aquilo que está na sua frente consegue explicar tudo o que passou, tudo o que se passa e tudo o que passará um dia.

Houve uma época em que segurança do trabalho não era sequer um conceito. Depois, passou por tempos extremamente cartorários, orientando-se, exclusivamente, por leis e regulamentos. Em seguida vieram os sistemas de gestão de segurança e normativas técnicas. Finalmente, chegou aquilo que conhecemos, dentre outros nomes, por segurança comportamental ou cultura de segurança.

Tudo que chegou trazia algo novo que agregava conhecimento e compreensão para aquilo que não se entendia completamente. Hoje entendemos a importância da liderança na evolução da gestão de segurança porque conhecimentos valiosos foram sendo agregados ao que já se sabia.

Como um professor de matemática diria: “Para se aprender estatística, é necessário aprender primeiro as quatro operações matemática básicas. E se você achar que pode esquecer as quatro operações porque acha que já conhece bem a estatística, cuidado.”

Tudo o que vem como novidade precisa agregar conhecimento aos conceitos que estão em uso. Se você acredita que o que vem como novidade precisa “substituir” aquilo que está presente, sugiro que leia mais um pouco e não se esconda atrás de avatar para expressar suas ideias. Não seja uma pessoa de um livro só.

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