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  • Foto do escritorEduardo Machado Homem

O que líderes e profissionais de segurança podem aprender com a pandemia?

Eu gosto muito de observar os acontecimentos para fazer paralelos e identificar simbolismos presentes nas situações. Isso costuma me ajudar a entender padrões da nossa vida e como podemos responder a cada novo desafio.


Nessa pandemia, aprendi muita coisa e continuo aprendendo. Em especial, quero dividir três aspectos que me chamaram a atenção por estarem presentes na rotina de líderes e profissionais de segurança de uma forma muito intensa.

Dinheiro é importante, mas não resolve todos os problemas. E uma hora ele acaba.

Nosso governo destinou alguns bilhões de reais para apoiar pessoas que precisaram de ajuda para comer e, ainda assim, pessoas que não precisavam de tal ajuda tiveram acesso a ela. Além disso, algumas precisarão novamente no futuro próximo e parece que o dinheiro não está tão disponível quanto antes.


Talvez essa quantidade de dinheiro despejada na sociedade no passado recente, e que será necessária novamente no futuro próximo, não fosse tão necessária se tivéssemos políticas públicas de investimento, de saneamento, de educação e de saúde mais justas. Em relação a isso, só conseguimos olhar para a frente e tentar resolver o futuro. Não conseguimos recuperar a tragédia que já aconteceu, mas podemos evitar a que se avizinha.


Na realidade de qualquer empresa, se colocássemos abaixo toda a estrutura e construíssemos tudo novamente, muito provavelmente, os mesmos riscos estariam presentes de novo. Quantas vezes você se deparou com uma situação de risco que não pode ser resolvida porque a rua é muito estreita, o teto do galpão é muito baixo ou muito alto, ou o equipamento é muito antigo? Situações que, para serem resolvidas,necessitaríamos derrubar o prédio e construir tudo de novo.

O exemplo dos líderes dita o comportamento dos liderados.

Esse é um ponto, infelizmente, muito triste. Regras de isolamento, distanciamento, uso de máscaras, protocolos de tratamento médico são definidos e exigidos da população. No entanto, nossos líderes não oferecem o bom exemplo e nem possuem o discurso alinhado com o que é certo e que foi definido pelos especialistas. Parecem mais preocupados com a própria carreira política do que com os objetivos a serem atingidos pela sua administração.


Eu já vivi experiências em que líderes defendiam regras restritas sobre segurança, sobre análise de risco de tarefas, sobre uso de EPI, sobre recusa de tarefa, sobre permissões de trabalho e sobre velocidade de empilhadeiras, mas quando eles mesmos precisavam cumprir, ou exigir o cumprimento, eu me decepcionava. Naquele momento em que a relação imediata de custo-benefício de respeitar a regra não favorecia a produção, o líder titubeava. Não era preciso dizer mais nada, os liderados entendiam rapidamente como deveriam seguir.

Regra foi feita para ser cumprida.
Será?

Pessoas não descumprem regras porque falta percepção de risco ou porque não são disciplinadas. Descumprem porque seu contexto e seu ambiente não conseguem convencê-las do risco a que estão expostas e das consequências.


O risco de contaminação pelo corona vírus não é algo palpável para a maior parte da população. Se você não tem alguém perto que tenha tido a covid-19, sido internado e entubado, é provável que não se sensibilize com o número de mortes. Se você não estiver acompanhando as notícias por canais de comunicação confiáveis, é certo que não entenderá o que significa a pandemia e seus desdobramentos. Acredite, muita gente não assiste ou lê notícias sobre o próprio cotidiano, preferindo se informar através dos grupos de celular. Além disso, tem o fato já comprovado que mostra que o risco é maior para pessoas com as tais comorbidades, ou seja, para as pessoas com obesidade, hipertensão e diabetes, ou para os idosos. E então, muitos acabam pensando: “sou jovem e não tenho comorbidades, logo não vai acontecer nada comigo”.


Você que é profissional de segurança já ouviu muito isso. São pessoas expostas a riscos que se acham muito experientes, conhecedoras e peritas em determinada tarefa e outras que nunca viram alguém se machucar gravemente. Enfim, elas recebem reforços constantes de que nada de ruim acontece com elas e que, portanto, nada acontecerá. Tomam a probabilidade a seu favor de hoje como um fato certo do futuro.


Além da saudade que algumas pessoas acometidas e vencidas pela covid-19 deixarão, muitas conseguiram se recuperar. Que isso, pelo menos, nos ensine algo de bom.


Eduardo Machado Homem.

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