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  • Foto do escritorEduardo Machado Homem

O que eu faço se a liderança não se importa e a empresa não apoia?

Fundo azul, logo da Do Safety no canto direito inferior, homem branco e de óculos e de costas com tablet na mão e os dizeres: E se a liderança não se importa e a empresa não apoia?

Eu costumo receber mensagens pelo LinkedIn de profissionais de segurança pedindo algum tipo de orientação para situações em que a liderança não se importa e a empresa não apoia o tema segurança do trabalho, ao mesmo tempo em que a liderança parece parece ter um discurso muito alinhado com o que o(a) profissional de segurança quer fazer.


Em geral, minhas sugestões estão relacionadas com fazer aquilo que é simples e fácil, primeiro. Não sugiro, nunca, que se tente implementar grandes mudanças logo no início porque isso significaria a modificação da rotina de uma liderança que ainda não entendeu seu papel e sua responsabilidade com a segurança das pessoas. E isso pode levar a uma queda de braço com um líder em que, muito provavelmente, o profissional de segurança sairá perdendo. Perderá o profissional, perderá a gestão de segurança, perderá a empresa e perderá o líder.


Geralmente, sugiro começar pela comunicação, seja através de canais oficiais da empresa, de palestras, da CIPA, de conversas 1:1 pelos técnicos de segurança ou do WhatsApp, por exemplo. Falar de mensagens simples sobre segurança, a importância do uso de EPI, da análise de risco antes das atividades, regras etc. para que, no mínimo, o tema segurança circule. Pequenas palestras sobre temas como o Cuidado Ativo e Percepção de Risco para momentos de ociosidade da produção. Tem que comunicar!


Faça simples, faça pouco, mas faço algo. A comunicação não requer autorização e pouquíssimo ou nenhum investimento.


Você pode me dizer que isso é muito Segurança 1.0, que isso não funciona, que é muito antigo. Mas tem lugares em que isso é o que dá para ser feito porque as resistências são estruturais.


Pode ser que em um dado momento você perceba que, mesmo com tanta comunicação acontecendo, a evolução não acontece. Quando isso acontecer, você precisará escolher entre ficar e persistir ou ir embora. E tudo bem se você resolver ir embora. Você não tem a função de ser o anjo cuidador das empresas resistentes à integridade de seu empregados.


Ainda no início da obra Ética a Nicômaco, Aristóteles diz que as pessoas que são verdadeiramente sábias e boas aceitam todas as contingências da vida e sempre tiram o melhor proveito das circunstâncias, assim como um sapateiro faz o melhor sapato com couro que lhe é dado.


Primeiro, vale ressaltar que Aristóteles faz uma analogia com a profissão de sapateiro porque esta era uma ocupação típica e importantíssima da sua época. Em 350 anos antes de Cristo ainda não havia fábricas de sapato e nem a Netshoes, portanto, se quisesse calçar um sapato, tinha que pagar pelos serviços de um bom sapateiro.


Em segundo lugar, você já deve ter ouvido aquela frase famosa do Cortella: “Faça o teu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores para fazer melhor ainda”. Não sei se ele se inspirou em Aristóteles, mas bem que poderia ter sido.

Afinal, a frase de Cortella e o trecho que eu destaquei de Aristóteles falam de coisas muito similares.


Segurança tem muito disso: , aceitar as dificuldades e resistências do contexto, fazer o melhor que você pode e tirar o máximo de aprendizado disso tudo. Aceitar não significa compactuar com a mediocridade ou ser conivente com o errado.


Você nunca terá todos os recursos ou o cenário ideal para agir e fazer segurança do jeito ideal e pleno que se descreve nos livros e nas redes sociais. Mas há uma certeza: se você ficar parado, você vai estragar, assim como água parada fica choca.

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Guest
há 4 dias
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Otimo texto. Buscar fazer o simples é melhor do que tentar fazer o complicado.

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