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  • Foto do escritorEduardo Machado Homem

O que eu aprendi com um menino de 11 anos.

O artigo que você está prestes a ler pode, inicialmente, parecer desmotivador e muito longo, mas eu peço que leia até o fim e permita que suas emoções fluam junto com o texto.

Nesses primeiros dias de 2021, fiquei bastante entristecido com a marca alcançada de 200.000 mortos pela pandemia e a carga moral e emocional que isso carrega.


Até o momento, posso dizer que fui imensamente abençoado em relação às consequências devastadoras desta pandemia. Eu e minha família não fomos alcançados pela doença e continuamos nos protegendo, protegendo outras pessoas e cuidando da nossa saúde física e mental para passar pelos obstáculos que estão sendo colocados na nossa frente. Nós sabemos que podemos fazer algo a mais para ajudar outras pessoas a se proteger e estamos buscando meios de prover isso.

Os nossos líderes.

Eu não consigo me conformar quando vejo líderes que não conseguem agir por empatia a uma população que sofre pela perda de pessoas que amam e por aqueles que sofrem dentro e fora de hospitais. Esses líderes são incapazes de agir sem abandonar interesses mesquinhos de poder no curto prazo.

A prevenção do inevitável?

São estratégias, regras de convívio e de comportamento que foram pessimamente implementadas e sem o exemplo no cumprimento pelos próprios líderes que as impuseram. Medidas de proteção banais como o uso ou não de uma máscara de pano sobre o nariz e a boca se tornaram uma ação de engajamento político. Sua tendência política está atrelada ao uso da máscara, quando o que deveria importar é a proteção de si e dos outros.


Quando se trata de distanciamento social, temos uma piada pronta ou um indicativo muito claro do que importa aos nossos líderes, isto é, fechamos escolas e mantivemos bares abertos. Em um dado momento, manter os campeonatos de futebol foi mais importante do que discutir o amparo financeiro às famílias sem renda durante a pandemia.


Pessoas se aglomeram dentro de ônibus e metrôs para ir trabalhar e nada se discute sobre transporte público, fiscalização e prevenção. Tudo o que importa agora é a disputa de poder nas casas legislativas.

Sim, é possível evitar.
Mas é preciso agir, além de perceber o risco.

O resultado disso são bares e outros ambientes fechados cheios de gente e sem máscara, pessoas andando na rua como se a vida estivesse completamente normal e outras pessoas que tentam brincar de pandemia quando usam máscaras no queixo ou apenas sobre a boca.

Em uma empresa, você pode escolher entre aceitar essa situação e continuar recebendo sua remuneração ou ir embora. Você pode pedir demissão se não aceitar uma postura dos líderes completamente descompromissada com a integridade física e mental dos empregados. Se você tiver uma posição hierárquica de decisão pode, inclusive, demitir ou advertir empregados e líderes que se comportam de maneira negligente em relação à saúde e segurança das pessoas.

Quais são nossas opções?

Em um país, não temos como demitir nossos líderes e não podemos ficar abordando outras pessoas que não se comportam de maneira condizente com a situação em que nós nos encontramos. Atualmente, não podemos nem protestar nas ruas, pois isso aumentaria as aglomerações e o risco de disseminação do vírus.

Precisamos ter perspectivas. E boas.

Em um cenário desanimador e sem perspectivas como este, quero compartilhar algumas coisas que podem inspirar outras pessoas a enxergarem uma saída, ou um alento. Eu quero compartilhar duas ideias:


- Veja algo de bom em um cenário de tanto medo, ansiedade e provações;

- Melhorar só um pouco pode ser muito.


Eu não pretendo passar a impressão de que está tudo bem e que basta pensar positivo. Isso seria leviano e ingênuo. É evidente que o momento em que estamos reflete uma tragédia para a humanidade. Centenas de milhares já morreram em nosso país e quase 2 milhões no mundo. Uma quantidade enorme de pais, mães, filhos, filhas e avós possuem pouca ou nenhuma forma de se proteger do risco diário e incessante de contrair a Covid-19 e isso evidencia nossa incompetência e insensibilidade como sociedade para cuidar daqueles que não possuem os mesmos meios e privilégios que desfrutamos.

Cuide da saúde mental.

Ao mesmo tempo, manter o pensamento somente neste cenário é como descer a ladeira de uma forte depressão e flertar com a inação. Portanto, há que tirar algo disto que possibilite manter a cabeça acima da superfície da água que insiste em subir.

A minha jornada em 2020.

Aquela rotina de aulas diárias das crianças que forçavam outras rotinas de sono, trânsito e refeições impossibilitava uma série de atividades com as crianças. Meu filho mais velho detestava andar de bicicleta porque tinha medo de cair. Na realidade, sofreu algumas quedas e arranhões ao tentar pedalar sem as rodinhas e isso foi um balde de água fria nas nossas tentativas de convencê-lo a tentar mais.


Eu cuido bastante da alimentação das crianças, mas convencer os pequenos a comer frutas, legumes e verduras demanda um esforço hercúleo. É sempre um cabo de guerra, pedimos, condicionamos o consumo de alface, tomate, maçã e banana a certas limitações de diversão e privilégios dentro de casa. Costuma funcionar, mas é cansativo.


E meados de março de 2020, tudo fechou: escola, clube e praça. Aquela rotina de passeios, distrações e aprendizados foi interrompida. Não irei cansá-los com a descrição do que foi a rotina desde então, afinal não foi muito diferente de muitos outros lares.

Ficar em casa significa prevenção e problema. Mas pode trazer surpresas.

Ficar dentro de casa, sem se mover e comendo resultaria em uma família redonda e pouco saudável. Estava posta uma oportunidade.


Chegou um momento em que jogos de tabuleiro, gibis e televisão não distraiam mais. Como as crianças estavam muito cansadas de ficar dentro de casa, uma de nossas alternativas foi pegar as bicicletas e sair pelas ruas do bairro para pequenos passeios diários de 1 hora, em família e logo às 7h. Outra coisa boa foi começar a jogar bola na rua, afinal não tinha tanto carro circulando e as praças estavam fechadas. Sobre alimentação restrita do mais velho, tivemos uma surpresa muito agradável e uma sensação de que nós estamos fazendo alguma coisa certa aqui em casa. Um dia, na hora do almoço, ele solta a seguinte frase: “Minha promessa para 2021 é que todo dia eu irei experimentar algo novo”. Para se ter uma ideia do desafio, ele já experimentou cogumelo e chuchu com ovo. E gostou de ambos.


E tem mais.


Esse mesmo menino de 11 anos que adorou chuchu com ovo disse o seguinte: ”Essa pandemia serviu para eu perder o medo de andar de bicicleta”. Hoje, depois de alguns meses andando de bicicleta quase todos os dias, meus dois pequenos adoram quando mudamos o percurso e exploramos outros bairros com nossas bicicletas. Sim, eu sei que isso é um privilégio.


Pode ser que eles estejam apenas amadurecendo e eu achando que isso é uma super evolução de pequenos seres humanos. Mas é o meu jeito de ver algo de bom em mudanças pequenas durante um cenário tão desafiador para todos. Se não conseguirmos ter essa visão e essa postura em nossas vidas em família, o que dizer da mesma habilidade em nossos trabalhos?


Há um desafio que é o master blaster top das galáxias: fazer meu filho mais velho comer caqui. O dia em que ele experimentar caqui e gostar, escreverei um post só sobre isso.

Vamos deixar filhos melhores para o mundo.


Espero que o texto inspire você.

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