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  • Foto do escritorEduardo Machado Homem

O mito do aprendizado e da conscientização pela política de consequência

Por inúmeras vezes, me deparei com críticas para a implementação de uma política de consequências (reconhecimentos e sanções) e essas críticas, geralmente, estão centradas em três pontos.


Primeiro, pelo caráter injusto de avaliação dos reconhecimentos, ou seja, alguns trabalhadores acabam sendo beneficiados de maneira exacerbada e por motivos questionáveis e banais enquanto outros que não conseguiram demonstrar o benefício do que fizeram de bom são preteridos.


Segundo, as sanções acabam sendo igualmente injustas porque atingem somente operação, nunca os líderes. Ainda assim, a operação que recebe sanção é aquela que é flagrada descumprindo um padrão ou regra, isto é, aquele operador que não é pego no flagra não recebe sanção.


Terceiro, a política de consequência não estimula o aprendizado e a conscientização das pessoas, portanto não contribui para a evolução positiva da cultura de segurança.

Outras críticas já foram ouvidas, mas estas são as principais e para elas eu quero oferecer um contraponto para que você possa refletir e desmitificar a política de consequências.

Em uma sociedade, as leis, regras e padrões servem para controlar comportamentos e ações das pessoas, tanto no sentido de inibir o que não se deseja quanto estimular aquilo que é desejado. Independente de nossa vontade, estamos todos sujeitos a isso. E é justamente isso que nos permite viver em sociedade. Tente imaginar como seria sua vida se leis, regras e padrões fossem removidos e cada cidadão resolvesse agir conforme a própria consciência e julgamento. Seria uma volta à barbárie da época da Idade Média. Se acha que está ruim com, imagine sem.


Nós, brasileiros, sabemos muito bem o que é uma lei, regra e padrão que existe somente como símbolo. A ausência da sanção (ou punição?) gera o sentimento da impunidade que, por sua vez, gera descrença nas organizações e dúvidas quanto à sua capacidade de promover o bem a segurança de todos.


Agora, transporte isso para a sua empresa. Imagine que quem desrespeitar uma regra terá a certeza de que não sofrerá sanções.


Muita atenção: eu não estou fazendo apologia às punições, advertências e demissões. Estou afirmando que sanções fazem parte da vida das pessoas. Uma coisa é o processo de educação, aprendizado e conscientização. Outra coisa é a política de consequências. A primeira possibilita que tenhamos pessoas melhores, empresas melhores e uma sociedade mais justa e digna. A segunda permite que nós possamos viver em sociedade enquanto o patamar de justiça e igualdade desejado não seja atingido.


Outra coisa importante é saber que líderes não precisam de uma política de consequências para serem injustos ou mal avaliadores da conduta dos seus liderados. A existência de um guia de avaliação de atos, omissões e melhorias para a aplicação de sanção e reconhecimento torna possível o apontamento das injustiças, se houverem. Se não houver um guia, qual será o critério de avaliação e julgamento? Eu respondo: aquele que o líder achar mais conveniente. Sem um guia definido pela política de consequência, ao profissional de segurança restará apenas aceitar a decisão do líder. No final, será uma diferença de opiniões entre líder e profissional de segurança. Com a política de consequência, não há opiniões, há fatos.


Sobre aprendizado e conscientização, insisto: a política de consequência não serve para isso. Não condene a política de consequência por algo que ela não tem como foco.

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