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  • Foto do escritorEduardo Machado Homem

O básico antes da cultura de segurança.

Cultura de segurança não vem primeiro.

Fazer uma análise de risco de tarefa muito bem-feita é o que realmente importa. Não tenha vergonha ou medo de admitir que você ou sua equipe não fazem a análise de risco de atividades do melhor jeito que deveriam. Fazer o básico é difícil.

A Rita Lobo foi uma modelo internacional amante de comida de verdade que decidiu disseminar suas crenças e habilidades sobre alimentação saudável e cozinha. Ela é adepta do simples, fácil e gostoso na cozinha. Meu objetivo não é falar sobre ela, mas sobre uma entrevista que ela deu sobre a trajetória nesse tema culinário.

Ela comentou que, no início da sua jornada na alimentação, quando ela estava ensinando as pessoas a fazer pratos super chiques e elaborados, de maneira fácil e prática, muitas tinham dúvidas simples e sobre a comida da rotina diária. Isso despertou nela a percepção de que as pessoas estavam com problemas em fazer o básico: arroz soltinho, feijão cremoso etc. E ela decidiu redirecionar seu trabalho, naquele momento, para ensinar o básico.

Pensando nisso, me perguntei qual o aprendizado que eu poderia trazer desta experiência da Rita Lobo.

Eu acredito que, se fôssemos resumir a gestão de segurança de trabalho em apenas uma coisa, seria em análise de risco do trabalho. Alguns chamam de ART, outros de APR e assim por diante. Não importa a sigla, pois eu estou tratando daquela análise de riscos e definição de controles que se faz com a equipe executora, momentos antes de se iniciar a tarefa.

Há algum tempo escrevi sobre análise de risco e, desde então, não escrevi mais. Portanto, conclui que era hora de resgatar o básico, afinal, é preciso fazer o básico muito bem-feito, caso contrário, todo o resto vira papel e burocracia. Se as equipes não entendem a análise de risco de tarefa, como falar de comportamento seguro, cuidado ativo e cultura de segurança.

A falha humana é o fator mais importante numa análise de risco, pois ela está presente no projeto, na confecção e no uso de ferramentas, equipamentos e acessórios disponíveis para a atividade. Por isso, é importante identificar controles e precauções que possam agir para prevenir acidentes quando essas falhas se fizerem presentes.

Ao tratar de gestão de risco, estamos abordando a probabilidade de falha. Mas é importante se conscientizar que associar um risco à falha humana na sua ART ou APR é como associar a queda à ação da gravidade. Você estará correto, mas não ajudará muito.

É importante ser pragmáticos e não esperar que o reflexo do ser humano seja mais rápido que a ação do risco. Identifique controles, implemente e monitore. Não tenha nada como garantido.

Exames internacionais mostram que apenas 7% das pessoas que formam a força de trabalho brasileira tem habilidades de leitura e compreensão de texto suficientes para ler e entender um texto de 5 linhas. Com certeza, essa pequena porcentagem não está entre aqueles que executam a maioria das atividades na empresas. Infelizmente, esta é uma realidade produzida pelo sistema educacional brasileiro falho e incompetente.

Isso quer dizer que um trabalhador, provavelmente, não entenderá uma análise de risco da atividade escrita em uma folha de papel. Logo, é vital que alguém explique o conteúdo da APR ou ART ao trabalhador para garantir que ele entenda e execute a sequência correta dos passos da atividade, faça as inspeções prévias de ferramentas/equipamentos, coloque os isolamentos necessários, use os EPIs obrigatórios e mantenha os controles que devem ser usados.

Para chegar nesse ponto, é preciso ter uma análise de risco da tarefa bem-feita. Precisamos, então, definir qual o objetivo da análise de risco da tarefa. Parece óbvio, mas às vezes até o óbvio precisa ser dito. Resumidamente, o objetivo desse documento é garantir que os riscos identificados estejam sob controle.

Definido o objetivo, precisamos pensar nos trabalhadores como clientes internos da liderança e da equipe de segurança. E para que o cliente receba o que ele precisa, ele deve participar do processo de discussão, ou seja, da confecção da análise de risco. E sua participação deve ser estimulada com perguntas e questionamentos.

Primeiro, a pessoa que irá escrever ou preencher a planilha da análise de risco deve ser um líder ou o profissional de segurança. Preferencialmente, o líder. Se o líder não se sente responsável por isso, não se desespere. Ele estar junto já é suficiente e é um avanço importante, para o momento.

No momento da execução da tarefa, o técnico de segurança ou líder deve ir até o local de execução da tarefa e explicar o conteúdo da planilha de análise de risco da tarefa, linha por linha. Explicar, não apenas ler.

Para o futuro, pense na simplificação do processo de análise de risco da tarefa. Tarefas de menor risco, de execução rápida e que não envolvam riscos potenciais de fatalidade como espaço confinado e trabalho em altura, poderiam ser feitas a partir de uma análise de risco na forma de lista de checagem?

Afinal, é preciso pensar seriamente sobre qual o verdadeiro objetivo de uma análise de risco de tarefa. Servir como evidência judicial e para auditorias ou para evitar que acidentes ocorram?

Se sua resposta for para evitar acidentes, então tem que pensar em como seu cliente interno, o trabalhador que executa a tarefa, entende e internaliza a análise de risco.



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