Para uma pessoa se desenvolver além do senso comum em qualquer profissão é vital que exista um nível elevado de questionamento em relação aos próprios saberes e àquilo que lhe é apresentado como verdade ou como um conhecimento valioso. Não se trata de duvidar de tudo, mas de considerar que não se sabe tudo e que tudo o que se sabe pode não ser conhecido plenamente, ou seja, em copo cheio não se coloca nada novo.
Com este pensamento, quero convidar você a se questionar sobre as razões de desenvolver a disciplina operacional. Seria apenas para garantir que as regras e procedimentos sejam seguidos? Seria para garantir um alto nível de performance em segurança, qualidade e produtividade?
Na realidade, são inúmeras razões e poderíamos escrever um livro sobre isso, mas a que importa é apenas uma.
Já me perguntaram muitas vezes qual foi minha inspiração para nomear a consultoria como “Do Safety”. O “Safety” é óbvio, trata-se de um consultoria em segurança.
Para o “Do”, já ouvi muitas ideias. O fonema de “Do” (lê-se du) á uma abreviação do meu nome. Talvez surfar na onda da referência a uma marca famosa de artigos esportivos. Ou seria a abreviação de disciplina operacional (D.O.)? Eu me apropriei de todas estas ideias e gostaria que elas tivessem sido minhas, mas eu pensei apenas na simplicidade de “faça segurança”. Particularmente, gosto de pensar que é uma abreviação de disciplina operacional, pois acredito muito neste conceito para construir uma cultura de segurança sólida.
Mas você poderia me questionar: e a liderança pelo exemplo? Não seria mais importante?
Eu responderia que é a base de tudo, isto é, não há competência ou conceito em segurança que seja construído sem uma liderança engajada.
Partindo disso, então, a disciplina operacional demanda compromisso da liderança para a sua construção, ou seja, ela precisa se envolver ativamente e puxar todos para esse objetivo. É a liderança que irá chamar e motivar as pessoas para participarem da confecção de regras e padrões que servirão de base para a disciplina operacional. É a liderança que dará suporte e estabelecerá um ambiente seguro de tolerância ao erro e de questionamentos da efetividade de regras e padrões estabelecidos. Regras e padrões não devem ser imutáveis. Podem e devem ser revistos para que, cada vez mais, reflitam aquilo que acontece de verdade. E quando não refletem, é a liderança que deve dar o suporte para seu questionamento e revisão.
Disciplina operacional é fluida e deve estar em constante evolução para refletir a realidade operacional. Disciplina operacional não é um mecanismo de definição de regras e padrões para punição em caso de inconformidade. Se isso aconteceu na empresa em que você trabalha ou trabalhou, chame de qualquer outra coisa, menos de disciplina operacional.
Não critique a disciplina operacional pelo que ela não é.
A construção da consciência é um processo intrinsecamente ligado à disciplina, uma força que molda a mente humana ao longo do tempo. A disciplina molda nossos comportamentos, nossos hábitos e nossas virtudes. Junto com um processo de educação, treinamento e capacitação, a disciplina desempenha um papel crucial na construção da consciência ao longo da vida, através do autoconhecimento.
Para concluir, a consciência é esculpida pela disciplina e ela vai refletir os valores de uma sociedade ou de qualquer grupo de pessoas. Devemos buscar o comportamento seguro mais pela consciência e menos pela obediência. Para mim, esta é a razão de construirmos a disciplina operacional em uma organização: a elevação da consciência em torno do cuidado.
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