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  • Foto do escritorEduardo Machado Homem

Cultura de Segurança do Trabalho: a dimensão do tratamento justo.

Um dos temas mais polêmicos na jornada do desenvolvimento da cultura de segurança e que não é tão discutido quanto deveria é o quanto as pessoas sentem que são tratadas com justiça pela liderança quando o tema de interesse é a segurança do trabalho, independente de se tratar de um acidente ou de um reconhecimento.


Não se trata de trazer para discussão especialistas no assunto, mas pessoas que, verdadeiramente, se importem. Para um discussão valiosa do tema, o que importa é ter um interesse virtuoso no assunto, estudar muito e ter um desejo genuíno de fazer o que é certo.


O interesse genuíno obriga você a estudar e o desejo por fazer o que é certo vai lhe manter resiliente, pois você irá errar, ficar desmotivado, mas é necessário manter o esforço para estudar e aprender.


Somos parte de uma sociedade que busca o encarceramento como meio de obtenção de justiça, ou seja, não cumpriu a lei, prende-se. Muitas vezes, nem se sabe se a lei foi descumprida, mas na dúvida, se prende. Ou seja, a punição vira sinônimo de justiça.


Eu não quero sugerir que caminhemos no sentido de contemporizar todo e qualquer descumprimento, negligência ou imperícia, mas ao mesmo tempo, isto não deve significar que devemos psicologizar todo comportamento ou ato considerado "desviante". Devemos manter uma escuta ativa e crítica para buscar formas mais sofisticadas e criativas de lidar com o desvio, afinal, já sabemos que o desvio é apenas um mensageiro que diz que o sistema e o contexto não estão bem.


Para a educação se tornar uma substituta da punição, devemos entendê-la muito além do ato de treinamento em sala ou no ambiente de trabalho rotineiro. É preciso considerar toda vivência e saberes das pessoas dentro e, se possível, fora da organização. Digo “se possível” porque nem sempre conseguimos influenciar ou enxergar o que acontece fora da organização.


Falar sobre justiça em segurança do trabalho em ambientes organizacionais tóxicos ou desprovidos de uma cultura de segurança minimamente desenvolvida é como plantar em terreno de pedra: é possível, mas o trabalho de cuidar, irrigar, adubar e vigiar é hercúleo. Você está disposto ou disposta a isso?


Em ambientes como este, tóxicos ou desprovidos de cultura madura em segurança, a única justiça admitida, conhecida, compreendida e aplicada pelas pessoas é a advertência e a demissão. Ou seja, a punição se tornou sinônimo de justiça.


Para falarmos sobre justiça em segurança do trabalho é necessário abordar um tema delicado: o desenvolvimento em competências daqueles que são os responsáveis pela representação das normas, regras e procedimentos dentro da organização, isto é, os líderes.


A gestão de segurança do trabalho é, com frequência, desvirtuada de seus objetivos e princípios em função de atos e decisões da liderança, no entanto, não se trata de definir um perfil profissional típico de conhecimentos, habilidades e atitudes padronizadas para um líder em segurança. É, sim, vital que se restabeleça uma relação pessoal do líder com a integridade física e mental das pessoas que trabalham na organização. E isto ocorrerá através da informação que vira conhecimento a partir da ação.


Portanto, para as pessoas sentirem que são tratadas com justiça é obrigatório conectar a liderança com a integridade humana para fomentar a empatia e motivar a seguinte pergunta na mente dos líderes: E se fosse eu?

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