Pense em alguém motivado para um novo desafio, para aquele trabalho que está alinhado com sua formação, experiência e capacidades. Tem tudo para evoluir exponencialmente na carreira. Nas primeiras semanas, ocorre tudo bem, seu novo chefe parece exigente e justo, apesar de você ouvir que na sua posição a cadeira nunca esquenta, ninguém nunca aguentou mais de 6 meses.
Mas, existe sempre um "mas"...
Você fica meio desconfiado, mas pensa que a equipe não deve estar acostumada com cobrança e que são apenas reclamações comuns de subordinados descontentes. Está posto mais um desafio: motivar sua equipe.
Você está sempre correndo atrás, nunca na frente.
As cobranças do chefe começam e você começa a perceber que precisa se esforçar mais e trabalhar mais horas, afinal, você não está conseguindo dar respostas que o satisfazem para quase todas as perguntas. Você começa a questionar seu nível de preparo para aquela posição, mas isso faz parte do processe de desenvolvimento pessoal e profissional.
E-mails noturnos? Normal.
Sério?!
De repente, os e-mails não têm mais limite de horário. Chegam a todo momento, nos horários mais esdrúxulos, exigindo resposta rápida. Você começa a pensar que se deseja subir na carreira, esse negócio de trabalhar de 8 a 10 horas por dia precisa ser repensado. Afinal, todo grande executivo alardeia que trabalha, pelo menos, 14 horas por dia, inclusive seu chefe.
Onde está a educação nessa m...?
Duas coisas passam a acontecer. Primeiro, os e-mails se tornam mais secos, rudes e, em alguns casos, mal-educados. Mas você pensa que é assim mesmo, a polidez na lida com as pessoas é um detalhe e a objetividade precisa imperar. Segundo, essas cobranças passam a ser públicas, naquelas reuniões semanais de monitoramento do plano anual.
O microgerenciamento!
É agora que algo estranho acontece. O telefone começa a toca diariamente e com certa frequência. É o seu chefe perguntando se aquela ação que tem prazo para a semana que vem será concluída no prazo ou questionando a conversa que você teve com o tal diretor.
Ah, um elogio...
Eu sabia.
Se você achava que estava estranho, pode ficar ainda mais. De repente, você recebe um elogio banal. Isso faz você repensar tudo, afinal se seu chefe conseguiu reconhecer seu trabalho é porque existe algo de bom naquele coração frio.
Os preferidos.
Um detalhe, seu chefe escolheu um ou dois “preferidos” e nenhum deles é reconhecido por você como excelentes profissionais merecedores de reconhecimento, mas profissionais medianos com uma formação razoável.
Resultados excepcionais que custam a sua saúde, da sua área e da empresa.
Isso tudo resume o que é uma liderança tóxica, aquele tipo de liderança que adoece pessoas, áreas e organizações. Produz resultados excepcionais, mas custa a saúde de algumas pessoas. Para essas pessoas que estão ou ficarão doentes há uma escolha a ser feita, apesar de parecer que eles não têm escolha ou que merecem aquilo pelo que estão passando. A escolha é ficar passivamente, enfrentar ativamente para mudar a situação ou sair para procurar algo melhor.
Você merece algo melhor.
Eu sinto muito em dizer isso, mas a única escolha reprovável é a primeira: ficar passivamente.