top of page
Buscar

Intervenções Comportamentais: Os Gatilhos, Parte 2.

Atualizado: 8 de out. de 2020

Seguindo com a série de artigos sobre o uso de gatilhos nas intervenções comportamentais de segurança, dessa vez eu escrevo sobre os gatilhos da Reciprocidade. Na minha rotina como gestor de segurança do trabalho já usei muito e nunca me arrependi, muito pelo contrário. Ele trouxe muitos benefícios para mim e para as empresas que trabalhei.


O Gatilho da Reciprocidade e a Gratidão.


O gatilho da Reciprocidade usa o poder da gratidão nas pessoas. Isso significa que quando você oferece algo a outra pessoa e essa oferta parece despretensiosa e sem segundas intenções, aquele ou aquela que se beneficia dessa ajuda estabelece de forma intencional e voluntária uma relação de retorno obrigatório, ou seja, a gratidão pela oferta gera uma necessidade futura de compensar a ajuda que recebeu.


Uma Situação Real.


Vamos a um exemplo típico da área de segurança e meio ambiente.

A organização possui um processo razoavelmente longo e complexo para entrada de terceiros na unidade operacional para trabalhar em serviços de alto risco. São checagens de documentações pessoais, atestados de formação, carteira de trabalho, exames médicos e etc. Depois tem a integração, treinamentos adicionais sobre Bloqueio de Energia e Permissão de Trabalho e, por último, a confecção de crachá. Em geral, leva uma semana para fazer tudo isso.


Serviços Urgentes Com Terceiros.


Uma área como a engenharia, projetos ou manutenção demanda a entrada de um profissional terceirizado específico no dia seguinte devido a uma situação de urgência para a produção, em horário noturno, para executar uma atividade de risco. Você pode pensar: não vai entrar!


Por outro lado, você pode pensar: tenho uma oportunidade de ajudar meu cliente interno para usar o gatilho da reciprocidade no futuro.

Eu não quero dizer que se deve fechar os olhos para a situação. O que você, como gestor de segurança, pode fazer?


Você destaca um dos técnicos de segurança para trabalhar no período noturno e alinha com seu gestor o pagamento da hora extra e do descanso diferenciado, afinal entre duas jornadas deve ter 11 horas de descanso.


Depois, você analisa os riscos da atividade a ser realizada, com o responsável pela atividade e com o técnico de segurança, e define controles para que NENHUM acidente ocorra. Sem falar que o técnico de segurança e o responsável pela atividade deverá acompanhar a atividade na sua totalidade, do momento de entrada do terceiro até a sua saída.


Principal: Fazer Tudo De Forma Segura!


Antes disso, você checa a habilitação técnica e treinamentos obrigatórios envolvidos nos riscos da atividade e aplica uma mini-integração de 30 minutos com principais riscos da área, regras básicas e a análise de risco da atividade feita pela equipe para aquela atividade específica. Inspeciona as ferramentas e se direciona para o início da atividade.


Pronto, a gratidão do seu cliente interno pela ajuda ofertada está no seu bolso. Você deve usar de uma forma sutil, sem jogar na cara do seu cliente, quando você precisar.


E Quando Usar O Gatilho Da Reciprocidade?


Enfim, você pode usar o gatilho da reciprocidade sempre que essas situações aparecerem:


- Pedido de ajuda de um cliente interno: produção, RH, manutenção, engenharia, projetos e etc;


- A ajuda envolvida contraria padrões e regras de segurança da empresa;


- A situação envolve uma urgência ou emergência do cliente interno e;


- Há um aval formal do gestor sênior da organização para que esse desvio dos procedimentos e regras possa ser feito.


Você também pode usar esse gatilho em situações da rotina operacional para mitigar riscos. Ao invés de ser aquele profissional de segurança que bloqueia tudo que não está alinhado com regras e padrões, você avalia riscos e os controla. Isso vai gerar, além do gatilho da reciprocidade, gratidão, comprometimento com você e com a segurança, parcerias valiosas com os líderes e boas avaliações de desempenho, pois você será visto como alguém que ajuda e colabora, apesar de cobrar bastante.


Isso Não Significa Fechar Os Olhos Para O Risco! É O Negócio!


Por último e mais importante: isso não significa fechar os olhos para o que está errado. Tudo deve ser feito para garantir a integridade física e mental de todos os envolvidos. Nesse momento, o gestor de segurança mostrará que olha para o negócio da organização como se fosse seu.


0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page