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Intervenções Comportamentais: Os Gatilhos.

Atualizado: 8 de out. de 2020

Intervenções comportamentais acontecem através de gatilhos que expressam uma relação de causa e efeito para determinar ou explicar alguns comportamentos. Determinados eventos ou contextos sociais e ambientais funcionam como comandos para que ações sejam realizadas. E essa relação de causa e efeito foi gravada em nosso cérebro ao longo de milhares de anos de evolução para que pudéssemos sobreviver em ambientes hostis em que havia pouca comida ou naqueles em que podíamos nos tornar a comida de algum predador. É claro que hoje esse cenário é diferente e os riscos aos quais estamos expostos são diferentes.


Os maiores pesquisadores relacionados ao tema são Ivan Pavlov e Frederic Skinner. Para se aprofundar no assunto, procure textos e livros sobre eles relacionados ao condicionamento como um processo para definir os efeitos da relação estímulo-resposta.


O que pode servir de gatilho?


Os gatilhos podem ser nosso nome, o choro de uma criança, o semáforo, uma música, o cheiro do café, um ruído, a presença de uma pessoa e muitas outras coisas. Essa infinidade de possibilidades pode ser agrupada em tipos de gatilhos em função de similaridades com o efeito e a causa associadas.


É importante lembrar que os gatilhos comportamentais podem ser benéficos ou nocivos, dependendo da situação, ou seja, podem nos empurrar para uma situação em que estaremos em perigo, podem nos privar de aproveitar certas vantagens da modernidade ou podem nos ajudar a superar medos, ansiedades e situações adversas. A forma que nos afetará depende, em parte, de como abordamos a situação envolvida.


De onde vieram esses gatilhos? Onde tudo começou?


Os gatilhos comportamentais foram, primeiramente, aventados por pesquisadores na área de psicologia. Mas foi com os profissionais de marketing que se tornaram populares, principalmente aqueles gatilhos associados à escassez e à aprovação social para definir nossos hábitos de compra.


A literatura oferece dezenas de gatilhos comportamentais, mas para tornar o assunto interessante e palatável para leigos como nós, discutiremos os mais importantes e que podem ser usados na gestão de segurança do trabalho e meio ambiente para desenvolver líderes, mudar o comportamento das pessoas ou fomentar a percepção de risco e o uso adequado das ferramentas como análise de risco e permissão de trabalho.


Gatilho de Prova Social: Queremos a Aprovação dos Outros.


Temos uma tendência a acompanhar o comportamento das pessoas, mesmo que não estejamos completamente certo sobre suas razões. Acreditamos que o fato de todos estarem tomando determinada ação significa que aquela ação é a mais correta e indicada. Também podemos entender esse gatilho ao pensar que ninguém gosta de estar errado sozinho, queremos ser aceitos por um grupo e precisamos de algum conforto emocional para fazer escolhas difíceis.


Podemos usar esse gatilho mostrando, através de indicadores, que a maioria das pessoas usa os EPIs corretamente, relata desvios e riscos, respeita as regras de segurança e etc. Quando começamos a aplicar muitas advertências ou comunicamos intensamente que desvios comportamentais estão sendo cometidos, estamos, na realidade, mostrando que a maioria das pessoas não respeita regras, não respeita procedimentos e assim por diante. Ou seja, estamos reforçando, através da prova social, que o “melhor” é não se alinhar com os preceitos de segurança, sendo que o que desejamos é justamente o contrário.


Se não estão se machucando, algo certo estão fazendo.


Entenda e aceite que os riscos estão presentes o tempo todo. Logo, se as pessoas não estão se machucando e se acidentando todos os dias, o tempo todo, é porque coisas corretas estão sendo feitas. Fortaleça a comunicação disso.


O objetivo não é usar o gatilho de Prova Social para ludibriar as pessoas, mas para mostrar que uma transição começou e que esse movimento envolve a conformidade com padrões e o cuidado com as pessoas. Os empregados se sentirão à vontade para assumir um novo comportamento porque saberão o que é esperado deles. O reconhecimento público de boas práticas é uma outra excelente maneira de usar a aprovação social para intensificar o comportamento seguro.


Outra forma eficiente de usar a Aprovação Social é deixar evidente através da comunicação efetiva que mais pessoas estão participando dos processos que fazem parte da gestão de segurança. Focar em comunicação sobre treinamentos realizados, permissões de trabalho bem-sucedidas, análises de riscos bem-feitas, problemas resolvidos, comitês diversos e etc.


Gatilho da Autoridade: Delegada ou Nata?

Hierarquia ou Experiência?

Tanto faz!


Em harmonia com o gatilho de Prova Social, esse gatilho se torna um dos potenciais mais fortes em termos de estratégia de convencimento.


A autoridade advinda de uma posição hierárquica e/ou domínio técnico de um assunto é uma estratégia excelente para a persuasão, pois somos ensinados, desde crianças, a obedecer às figuras de autoridades. A primeira autoridade que nos é apresentada é a de nossos pais, em seguida os professores e, no futuro, os chefes em nosso trabalho. Adicionalmente a esses, temos ainda, profissionais de saúde, padres/pastores, políticos e policiais.


Em relação ao domínio técnico sobre um assunto, ser visto como uma autoridade no tema impulsiona a probabilidade de ter suas orientações seguidas. No entanto, apenas isso não bastará. É preciso conectar o domínio técnico do assunto a apresentação de resultados. Demonstre conhecimento, que sabe como resolver os problemas e os resultados alcançados.


Alianças com quem tem Autoridade!


Em geral, a equipe de segurança não tem ascendência sobre as equipes operacionais, logo, em função desse gatilho de autoridade é necessário desenvolver alianças com os líderes, começando de cima para baixo. E essas alianças serão construídas baseadas em parcerias para facilitar a vida dos líderes, na gestão da área deles. Identifique pontos e problemas que são importantes para os líderes e os ajude a garantir o resultado. Participe das análises de risco de tarefa, faça o que estiver ao seu alcance para liberar as atividades de risco de forma segura, não fique parando atividades cujos riscos possam ser mitigados, enfim, deixe para exigir que o líder assuma o seu papel na gestão de segurança quando ele estiver pronto para isso. Ajude o líder, de verdade. Todos perceberão a sua parceria com os líderes e o associarão com a autoridade deles.


Em relação ao domínio técnico para desenvolver o gatilho da autoridade, qualquer profissional de segurança precisa nadar de braçada, tanto em aspectos fortemente técnicos quanto organizacionais e humanos. As duas formas de atingir esse domínio são leitura e cursos. Não tem pílula mágica do conhecimento.


Rápido = Desastre e Tragédia.

Lento = Construir e Melhorar.


Vale a pena lembrar que a construção do gatilho da autoridade levará tempo, não é rápido. Mas ele é imprescindível, ou seja, sem ele você não conseguirá evoluir e sair da zona de “apagar incêndios”.


O gatilho da autoridade também pode ser trabalhado com outros empregados e líderes. Promova treinamentos técnicos, periódicos e curtos (1 hora é o ideal) com operadores indicados pela liderança. Esses treinamentos podem abordar análise de risco de atividades específicas, uso de ferramentas, bloqueio de energia, inspeções e etc. Esses empregados terão destaque e serão valorizados pelo conhecimento adquirido. Inclua os membros da CIPA nesse grupo.


Por enquanto ficamos com esses dois gatilhos. No próximo artigo falaremos de mais dois.

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