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  • Foto do escritorEduardo Machado Homem

Cultura Interdependente ou Generativa.

A tão almejada evolução da cultura na gestão de segurança é como uma cabeça de bacalhau, todos sabem que existe, alguns dizem que já viram e a maioria não sabe qual a aparência. Afinal, como é uma organização em que a cultura de segurança pode ser identificada como interdependente ou generativa?


Eu confesso que nunca evidenciei todas as características descritas nesse texto, juntas, na mesma organização e em todas as suas áreas. Já vivenciei todas elas, mas sempre em parte, isto é, 3 ou quatro das características presentes concomitantemente, mas nunca todas elas ao mesmo tempo e na mesma organização.


Uma das características mais fáceis de reconhecer e, ao mesmo tempo, mais desejada é aquela em a valorização do comportamento seguro e das contribuições de pessoas e grupos é algo normal, genuíno e sincero. Além disso, não acontece apenas em grandes eventos de reconhecimento mensal na presença de gerentes e diretores, mas em qualquer momento, na área de trabalho e na frente de todos. Um simples aperto de mão com um sincero parabéns. Líderes e empregados passam a perceber que o reconhecimento não precisa vir acompanhado de prêmios ou certificados e, mais do que tudo, é comum e está disponível sempre que necessário.


Um outro traço importante está no espírito de ajuda mútua, ou seja, o clima organizacional está dominado por um sentimento de colaboração. Nessas empresas, gargalos do processo produtivo são conhecidos por todos e quando há um risco relacionado, as pessoas se antecipam para que o problema seja bem gerenciado com controles de riscos eficazes. Isso irá se refletir na comunicação entre as pessoas, ao ponto de que abordar qualquer um e em qualquer área é é considerado algo normal, desejado e, ainda, uma contribuição para que as atividades ocorram da forma mais produtiva possível.


Ainda sobre comunicação, ao mesmo tempo em que sua efetividade é essencial, é o fator mais difícil de desenvolver na cultura de segurança. No nível de interdependência ou generativo, a comunicação é efetiva e de qualidade. Esforços não são poupados para garantir que a mensagem na sua origem seja a mesma na ponta. Além de muito cuidado com a fala, há uma checagem rotineira de como a informação chegou para o destinatário. É como aquela brincadeira de “telefone sem fio”, no final, pergunta-se para o último o que foi que ele entendeu. E conforme o resultado, os ajustes acontecem.


Como em qualquer relação de qualidade e justa, o respeito deve estar sempre presente e não é diferente na segurança. O respeito entre a liderança e demais empregados é de tal forma real que, em nenhum momento, os desvios são associados a falhas de comportamento, por exemplo. Já está claro que o comportamento do indivíduo não é fruto de uma aptidão pessoal ao erro, mas fruto de um contexto organizacional. A base para isso está na empatia, isto é, saber que o outro é outro, que o outro sente diferente, que o outro pensa diferente e que todos podem contribuir da sua forma e sob seu próprio ponto de vista.


Uma percepção que se torna comum para todas as pessoas está em saber que não existe mais “fazer com segurança”, existe apenas fazer certo ou fazer errado. Fazer certo significa considerar todos os aspectos relacionados com a atividade, inclusive segurança. Fazer errado é negligenciar qualquer aspecto, inclusive segurança.


Uma característica para a gestão da rotina em uma empresa com a cultura de segurança madura, o monitoramento contínuo do desempenho de curto prazo leva a mudanças na operação e está focado no aprendizado, nunca no constrangimento para atingir metas. Isto é importante para se antecipar às consequências dos desvios, ou seja, não se espera que um problema de processo, por exemplo, se instale para só então atuar. Esse monitoramento contribui para a erradicação de improvisos, pois a operação não é mais cobrada pelo resultado da atividade ou processo, mas pela sua correta definição, projeto, confecção e execução. O monitoramento do resultado acaba sendo uma ação de gestão para que os líderes possam responder às suas responsabilidades conectadas ao resultado da execução correta das atividades e processos. Quando isso não existe, a própria operação monitora os resultados, pois é cobrada por isso, e improvisa quando o resultado não é aquele que a liderança espera.


Quando a produção e a segurança são parte de um único processo de gestão organizacional, decisões que levam à excelência em segurança também levarão ao melhor resultado possível em termos de produção e produtividade. Não se trata de decidir por um tema em detrimento do outro, mas da evolução da segurança ser intrínseca à evolução na produtividade. Essa então, torna-se uma característica fundamental do nível interdependente ou generativo na gestão de segurança: todas as decisões levam à excelência em segurança.


Finalmente, ao mesmo tempo em que é uma característica e também uma conclusão inevitável de tudo o que foi exposto anteriormente, a gestão de segurança passar a ser considerada de alto nível e, mais do que isso, passar a ser reconhecida como tal.


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