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As Dores do Gestor de Segurança. Parte 2: A Colaboração

Atualizado: 8 de out. de 2020

Em geral, meus artigos são mais pragmáticos e cartesianos porque acabo tomando a honestidade e a bondade das pessoas, principalmente líderes, como certa. Ou seja, acabo admitindo que sem honestidade e bondade, características a partir das quais todas as outras se originam, nada pode dar certo.


Mas dessa vez, através da minha experiência como gestor de segurança e meio ambiente que já fui, decidi escrever um pouco sobre o que isso significa dentro de um processo de desenvolvimento de cultura e de um ambiente seguro.


Conceitos antagônicos como bondade e maldade ou honestidade e desonestidade não existem na Natureza. A leoa não é má porque ela come a zebra e nem a cobra também é má porque ela come os ovos de um pássaro. A leoa e a cobra fazem somente o que a Natureza definiu que elas devem fazer em função de milhões de anos de evolução. O ser humano, no seu processo evolutivo, foi moldado a fazer escolhas e a melhor delas foi a colaboração.


Sozinho, na Natureza, um ser humano não sobrevive. Somos mais fracos e mais frágeis que a maioria dos animais de médio e grande porte. Foi necessário que nos aliássemos a diversos outros seres humanos, formando pequenas comunidades, para sobreviver e, inclusive, conseguir matar um animal muito maior do que nós para nos alimentarmos de sua carne.


A colaboração entre os seres humanos em prol de um objetivo comum – a sobrevivência – possibilitou que dominássemos o planeta. Mas não é apenas a sobrevivência, mas no que isso implica: a colaboração através de relações humanas.


São as relações humanas e os vínculos afetivos por parentesco, amizade ou coleguismo que sustentam essa colaboração entre as pessoas. Colaborar para que o outro tenha sucesso nos seus objetivos significa colaborar com o próprio sucesso. Torcer para o fracasso do outro, significa buscar o próprio fracasso.


O próprio sucesso significa garantir a existência dos seus descendentes, amigos e colegas, ou seja, daqueles que amamos ou simplesmente gostamos ou pelos quais temos bons sentimentos.


Essa rede de colaboração é, essencialmente, mútua. Isto é, você colabora com alguém esperando que, quando precisar de ajuda, alguém irá colaborar com você. Em um ambiente onde você ajuda, mas não é ajudado, a colaboração acaba. Por que dedicar energia e esforço com os outros se eu não terei retorno disso? Afinal, eu posso dedicar essa mesma energia para meu próprio benefício.


Se a rede de colaboração for forte, aqueles que não colaboram serão excluídos. Os que não colaboram roubam energia da rede e não devolvem nada em troca. É como um furo em um balão que se não for reparado – ou excluído – fará com que ele murche.


A Natureza possibilitou a formação das redes de colaboração através de uma emoção de enorme satisfação em ajudar o outro quando sabemos que teremos um retorno em troca. E como se só isso não bastasse, colaborar contribui com sensações que aumentam o bem-estar e que reduzem o estresse.


Um gestor de segurança não tem qualquer ascendência sobre equipes operacionais e isso quer dizer que ele atua por influência, ou se preferir, pedindo a colaboração dos outros com a sua causa que é cuidar de vidas.


Essa relação de colaboração com as equipes operacionais precisa ser mergulhada em afeto. A troca nesse ambiente de colaboração precisa ser real, ou seja, o gestor de segurança deve, de fato, se comprometer a ajudar a resolver um problema que a equipe operacional tem. Um problema sob a ótica da operação e não sob a ótica do gestor de segurança.


Como diziam os antigos: “uma mão lava a outra”.


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