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Você está inovando nos treinamentos?

Atualizado: 8 de out. de 2020

Muito tem sido dito sobre formas de educar na área de segurança e meio ambiente, e eu me questiono, constantemente, se tudo que é dito é, de fato, inovação; ou apenas uma arte sofisticada de embrulhar o velho em papel de presente e vender como se fosse novo.


Eu não estou falando do uso de óculos em 3D ou de recursos para ensino à distância. Se a tecnologia lhe ajuda, use à vontade e de forma inteligente. Aliás, isso não é inovação, é “só” tecnologia. Eu estou falando de como um ser humano passa a informação para o outro e como essa informação se torna aprendizado.


Nossa constituição física e biológica não mudou nos últimos 1.000 anos, portanto, temos que admitir como um fato da vida que os aspectos cognitivos que influenciam o aprendizado, ou seja, a memória, o raciocínio, a percepção pelos 5 sentidos, a linguagem e o pensamento, também não mudaram. As relações sociais, o ambiente e a tecnologia são outras, melhores, e por ação do próprio ser humano.


Estamos em um momento da nossa história em que os relacionamentos estão superficiais e intensos, ao mesmo tempo. A internet, redes sociais, mensagens eletrônicas instantâneas, tablets e celulares estão consumindo nosso tempo e atenção. Cada vez mais, temos menos tempo para o convívio e valorizamos ainda menos a interação real e calorosa com outra pessoa.


Num cenário desse, procuramos novas formas de educar porque as pessoas mudaram? As pessoas não mudaram, as formas de relacionamento sim. E dentro de um contexto de relacionamentos superficiais e deteriorados tentamos encontrar, descobrir ou inventar uma nova forma de educar. A discussão em grupo orientada pelo professor vira “um ambiente de aprendizado colaborativo”. A vivência através de dinâmicas se torna “reconfiguração do aprendizado coletivo”. A sala com cadeiras dispostas em “U” vira “ecossistema de processo formativo”.


Mary Theresa Schmich publicou um artigo em um jornal americano em julho de 1997 com a seguinte frase: “Oferecer um conselho é uma maneira de pescar o passado do lixo, limpá-lo, pintar as partes feias e reciclá-lo por mais do que vale”. Você provavelmente ouviu essa frase no vídeo “Use Filtro Solar” narrado pelo Pedro Bial. Não compre treinamentos como se estivesse aceitando um conselho.


Eu me lembro de professores que eram fantásticos, no colégio, no cursinho e na faculdade. O que há em comum entre eles é que todos usavam o quadro verde, giz, a fala e a interação entre os alunos, e entre estes e o professor. Obviamente, a aula foi precedida de planejamento, ou seja, o conteúdo foi contextualizado e tornado interessante através da vivência.


Outra coisa primordial para que as aulas desses professores fossem tão interessantes é que eles já tinham realizado aquilo que estavam ensinando. Alguns eram tímidos, inclusive. Não tinham toda aquela desenvoltura e eloquência de um comunicador, mas sabiam do que estavam falando por experiência real e própria.


Fica, então, a primeira dica do dia. Contrate treinamentos de pessoas que vivenciaram de verdade aquilo que querem ensinar. O aprendizado vem da vivência e, justamente por isso, a lição de casa das crianças é tão importante. Na hora da aula eles assimilam a informação e irão guardá-la por pouco tempo. Aquilo se tornará aprendizado e memória de longo prazo apenas se as crianças praticarem quando chegarem em casa, e mais de uma vez, aliás, várias vezes.


Agora, você pode entender o motivo de uma orientação prática após o treinamento em sala ser tão importante. E se o participante do treinamento não praticar constantemente aquilo que viu, vai esquecer. Logo, não há treinamento ou palestra que ofereça resultados de longo prazo se a prática não suceder o momento em sala, por mais fantástico que tenha sido.


Há uma pressão social enorme para convencer você a se manter sempre atualizado: o celular mais novo que tem mais memória, o carro que não pode ter mais de 5 anos de uso porque já ficou velho, o notebook que precisa ser trocado a cada 2 anos, o seu conhecimento que está defasado e até sua forma de aprender que já não é mais a mesma.


No final, você precisa do novo. E esse novo pode não ser novo, mas o velho em embrulho novo. Não compre treinamentos como se estivesse recebendo um conselho.


E se você nunca assistiu o vídeo “Use Filtro Solar”, segue o link do original legendado.



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