A quem interessa manter uma relação de dependência entre gestores e consultores?
A permanência de uma consultoria está ligada a uma única coisa, na minha opinião, e é a percepção do valor e benefício que o cliente tem do trabalho que está sendo realizado, ou seja, a liderança está evoluindo, a cultura de segurança está amadurecendo, as taxas de acidente estão reduzindo e tudo isso é perene, ou seja, os resultados permanecem mesmo sem a presença dos consultores. Com esse tipo de percepção, a organização não cai no equívoco de permanecer numa relação de dependência a partir do argumento simplista de que se a consultoria sair, o trabalho pode ser perdido, ou se a consultoria sair o cliente volta à estaca zero.
Na sua vida, você é responsável por tudo que acontece nela, excluindo, obviamente, aspectos relacionados à saúde que não controlamos como uma doença específica, mas ainda assim, você pode controlar o tratamento e os hábitos saudáveis que terão forte influência em um tratamento. Se você delegar todo o esforço de ter uma boa vida para outra pessoa ou para outra entidade, tenha certeza que você não terá sucesso. Eu acredito em Deus e acredito que o universo “conspira a nosso favor”, mas também acredito que temos que fazer a nossa parte. Sem a nossa parte, nada acontece. Sem assumirmos a responsabilidade pela nossa parte, nada acontece.
Da mesma forma, a organização é responsável por tudo que acontece dentro dela. Agora, imagine que você está numa empresa em que há um sistema de gestão de saúde, segurança e meio ambiente implementado e certificado, além de serem feitos investimentos fortes em infraestrutura, condições físicas e equipamentos. Ainda assim, os acidentes graves e de alto potencial acontecem e sua taxa de frequência não reduz, só aumenta ou fica estável em um patamar elevado. A alta administração se reúne e, junto com a equipe de segurança, conclui que a liderança não está comprometida e a cultura de segurança tem problemas. O primeiro passo para resolver um problema é reconhecer que o problema existe e isso foi feito.
O passo seguinte seria ir ao mercado buscar consultorias que possam ajudar. Muitas são abordadas e afirmam ter soluções individualizadas e personalizadas. Na realidade, aplicam soluções enlatadas e colocam consultores dedicados para garantir o vínculo. É sempre bom ter alguém perto dizendo que você tem problemas e lembrando que a solução está ao seu lado.
Isso é tratar os gestores e operação como parte do problema, se não como “o problema”. E a equipe de segurança também como parte do problema, afinal, colocar profissionais externos dentro da organização passa uma mensagem clara, mesmo sendo equivocada: “vocês não são capazes de resolver a situação sozinhos”. Gostaria de saber qual profissional fica verdadeiramente motivado com esse tipo de abordagem.
A solução sempre virá - e tem que vir - de dentro. Consultorias devem ajudar e não fazer no lugar da equipe de segurança. Aos gestores, é preciso dar a responsabilidade de resolver o problema e a consultoria tem que fornecer o conhecimento de como fazer. Mas isso tudo só acontece quando a estratégia passa por pensar e saber que gestores, operação e equipe de segurança são parte da solução e não do problema. Colocar consultores externos dedicados dentro da organização – full-time – não está em sintonia com essa estratégia, muito pelo contrário.
Considerar que gestores e equipe de segurança são parte da solução significa saber que eles são capazes. Capazes do que?
- Capazes de entender e fazer todos entenderem o que significa, realmente, ter a vida e a segurança como um valor. E não significa ser quase um anjo na Terra, afinal até quem pula de paraquedas e quem nada com tubarões tem a vida e a segurança como um valor. De que vale passar por essas experiências se não estiver vivo depois para contar? O time de gestores e equipes de segurança são compostos por pessoas adultas, profissionais, responsáveis, pais, mães, filhos de alguém, ou seja, são pessoas que tem a vida de seus entes próximos como valor. Como transportar esse valor à vida para dentro da organização? A Do Safety® sabe como fazer isso;
- Capazes de entender e fazer todos entenderem o papel da liderança dentro da organização. Na realidade, qual é esse papel, o que e como o gestor tem que fazer e de que maneira incluir essa “nova” responsabilidade dentro de uma agenda tão cheia? Quem é pai ou mãe entende isso facilmente. Antes da paternidade e da maternidade, achamos que não temos tempo para mais nada. Depois, percebemos que ocupávamos o tempo com coisas que podem ser dispensadas e que não farão falta. Uma vez eu acompanhei um gerente de produção enquanto ele fazia o DDS. Foi tudo perfeito: tempo, tema, abordagem e a atenção dos participantes. No final do DDS o gerente de produção disse: “Pessoal, chegou esse caminhão agora e temos que retrabalhar o material para mandar de volta ao cliente antes do almoço”. Pronto, ele tinha acabado de desperdiçar o DDS. É óbvio que a operação já sabia dessa demanda de produção e, provavelmente, ficou sabendo antes do próprio gerente. A operação não é uma criança que precisa ser lembrada de suas responsabilidades o tempo todo, mas uma equipe composta por adultos, profissionais, responsáveis e que desejam fazer o melhor. Foi preciso explicar isso ao gerente, apesar de parecer óbvio. Saber que a operação é responsável e profissional e explicar o óbvio para o gerente é trata-lo como parte da solução, é fazer segurança, é educar andragogicamente. A Do Safety® sabe como fazer isso;
- Capazes de abordar uma tarefa, apontar os riscos e os controles, além de instruir a equipe sobre como fazer a tarefa corretamente. Abordar uma tarefa pode ser feita de uma maneira mais simples, rápida e eficaz do que uma abordagem comportamental. E a mensagem passada será, de longe, mais efetiva. É comum um gestor abordar uma tarefa e ir logo pedindo os papéis e formulários de Permissão de Trabalho, Análise de Riscos, Bloqueio de Energia e Inspeções de Ferramentas. No final, o gestor terá uma enciclopédia nas mãos. Tem que ensinar ao gestor a fazer uma abordagem baseada em riscos, conversando com as pessoas e deixando a papelada para os 2 minutos finais. O gestor, provavelmente, não sabe abordar uma tarefa assim e a orientação prática (“coach”) ensina. A Do Safety® sabe como fazer isso;
- Capazes de investigar e analisar um acidente para buscar o aprendizado organizacional, as causas sistêmicas e soluções. A Do Safety® sabe como fazer isso.
Nos projetos que a Do Safety® realiza, os gestores e equipe de segurança e meio ambiente são considerados parte da solução. Eles não serão parte do problema. E é por isso que, quando finalizamos o projeto, após 6 meses – no máximo - os resultados permanecem, os gestores continuam se mostrando engajados e comprometidos e o sistema de gestão continua evoluindo. Isso acontece porque, de fato, todos aprenderam a fazer certo e não com segurança.
Abraços,
Eduardo Machado Homem.