Você já deve ter visto nas redes sociais e na televisão casos que mostram pessoas que apelaram para métodos milagrosos e rápidos de mudança da fisionomia e do corpo.
Como é razoável de se prever, o resultado final é desastroso. São pessoas que passaram por cirurgias plásticas que as desfiguraram, outras que tomaram hormônios para desenvolver a musculatura e tiveram câncer, além de diversas pessoas que se submeteram a dietas maravilhosas para emagrecer e engordaram ainda mais depois de um tempo. O apelo por alcançar um resultado ideal e de forma rápida seduz e a ignorância, a inocência e falta de informação, faz pessoas acreditarem no famoso “canto da sereia”.
A nossa área de segurança e meio ambiente não está livre dessa “pílula mágica”. São treinamentos e métodos magníficos para desenvolver a percepção de risco ou ferramentas comportamentais para resolver os comportamentos abaixo do padrão desejado. O efeito disso, no futuro, é o retorno ao estágio inicial e com mais intensidade.
A boa postura e maturidade da liderança na gestão de segurança e meio ambiente traz junto a percepção de risco dos operadores, a disciplina operacional e o senso de dono juntos. Ou seja, se há problema na percepção de risco e no comportamento, há problema na liderança.
Assim como existem médicos que aceitam fazer cirurgias plásticas “milagrosas”, nutricionistas que indicam dietas da moda e professores de educação física que vendem hormônio para seus alunos, existem aqueles que, através do famoso “canto da sereia”, vendem as receitas “milagrosas” que irão resolver todos os problemas de percepção de risco ou de comportamento inseguro da operação.
A melhor base para uma mesa não balançar é o tripé. Uma mesa sobre um tripé não balança. O tripé da gestão de segurança e meio ambiente é composto por um sistema de gestão robusto, liderança comprometida e investimento. Todo o resto é acessório e oferece resultado marginal, não sendo sustentável no médio e longo prazo.
Se a operação tem problemas para perceber riscos e agir para prevenir acidentes ou continua se expondo a situações de risco quando poderiam ter atitudes diferentes, é muito provável que seja necessária uma análise mais profunda para identificar as reais vulnerabilidades sistêmicas. Costumo dizer que investigações e análises de acidente que chegam a causas como “falta de percepção de risco”, “falta de treinamento” ou “procedimento desatualizado” são casos em que as investigações não foram eficazes e nem eficientes.
Para ser justo, eu entendo que, muitas vezes, abordar vulnerabilidades relacionadas à maturidade da liderança na gestão de segurança e meio ambiente (SSMA) pode ser muito comprometedor para o futuro da carreira do profissional de SSMA na empresa em que se atua. O profissional de SSMA deve entender que um muro da resistência à implementação de uma gestão de segurança madura e robusta não é derrubado somente com uma marretada e nem com duas, mas se você começar a cavar na base do muro e ir removendo, aos poucos, o concreto que forma o alicerce, o muro cairá.
Uma boa estratégia é abordar o tema da maturidade da liderança aos poucos e nunca diretamente. Selecione alguns dos artigos que você encontra na página da Do Safety e envie aos líderes, mas seja sutil. Se achar que algumas palavras, termos ou trechos são muito incisivos para o seu contexto, remova-o ou reescreva. É razoável resumir o assunto e colocar no próprio corpo do e-mail, pois as pessoas não costumam dedicar mais que 2 ou 3 minutos em um texto de e-mail. Com o tempo, insira palestras com o tema liderança, enfatizando o que uma liderança comprometida deve fazer. Deixe a conclusão de que aquele grupo de líderes ainda não tem uma alta maturidade para eles mesmos. Você não precisa dizer, eles irão concluir sozinhos.
Aos poucos, seu caminho vai se construindo na sua frente.