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Foto do escritorEduardo Machado Homem

Abordagens afetivas são efetivas na gestão de HSE/SSMA?

Dois temas circulando por redes sociais me fizeram pensar bastante nas últimas semanas.


O primeiro tema foi um artigo que colocava a seguinte pergunta: “O que é mais importante para você, a família ou o trabalho?”. O segundo tema foi uma outra pergunta: “qual o significado que a segurança tem para você?”.


No primeiro caso, é natural que digamos que a família é o mais importante, principalmente se você é mãe ou pai. Mas, se você disser que o trabalho é mais importante, isso implica em ser negligente com a família ou que a família não é tão importante assim? Ambos, trabalho e família, definem quem você é. Não é possível viver ou sobreviver sem um dos dois e a pergunta acaba colocando em patamares diferentes coisas que não são comparáveis. É como perguntar: você gosta mais de laranja ou de praia?


No segundo caso, a resposta mais comum era dizer que o significado da segurança para a pessoa é um nome: o nome dos filhos ou filhas, obviamente acompanhados de fotos lindas. De fato, é comovente e emocionante, afinal crianças são lindas e inspiradoras. Mas, como pai, me pergunto se não é muito peso no ombro de uma criança. Crianças não devem ter que apoiar os pais em suas batalhas diárias, nem ser o motivo pelo qual fazemos o que temos que fazer. Pense nisso sob o ponto de vista da criança e você perceberá que é uma responsabilidade muito grande para ela.


Eu acredito que crianças têm duas obrigações, ir à escola e brincar. Há quem diga que criança deve experimentar o valor do trabalho desde cedo, mas eu não acredito nisso e a ciência também não. É na infância que crianças precisam brincar e serem amadas para formar boas sinapses cerebrais que definirão sua formação para a fase adulta. Enfim, não é tão simples assim, mas uma mensagem é clara: criança tem que brincar e ser amada, “só” isso.


Trabalhadores que, às vezes, não respeitam regras não agem assim por não valorizarem suas famílias ou por não colocarem sua família em primeiro lugar. Há fatores muito mais sistêmicos envolvidos e que definem o comportamento. Logo, por que a verbalização da importância que a família tem em sua vida ajudaria na busca do comportamento seguro? Tenho certeza que associar o comportamento seguro com temas familiares pode oferecer motivação instantânea, mas são de curta duração e não sustentam esforços de longo prazo.


Acredito que, muitas vezes, justamente pela família, por ausência de conhecimento e consciência, um trabalhador ignora riscos para desempenhar suas funções e entregar os resultados. Se não fizerem isso, correm o risco de perder o emprego ou ser mal avaliado pelos colegas, apenas para citar duas consequências comuns.


Em uma organização com um sistema de gestão de SSMA/HSE robusto e líderes comprometidos, os empregados assumem um comportamento seguro não por suas famílias, filhas ou filhos, mas porque é assim que deve ser feito, é a cultura do local. Apelar para abordagens afetivas é como dizer o seguinte: "aqui nós ainda não nos importamos muito com a sua segurança, portanto, se deseja voltar para casa vivo e sem lesões, faça isso pela sua família".


Líderes não se apoiam em seus liderados e nem os usam como espelho ou fonte de motivação. É justamente o contrário. Líderes oferecem apoio aos seus liderados, servem de exemplo, motivam seus liderados. Por que com os pais, mães e filhos seria diferente?


Um abraço,

Eduardo Machado Homem.


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