As férias das crianças, em muitos lares, é um verdadeiro estorvo. A bagunça é diária, a sujeira se acumula e a irritação pelas travessuras só aumenta. Nada disso é verdade se você tem babás, empregadas e tablets para entreter os pequenos e as pequenas, mas considerando que você é uma pessoa comum como eu, deve saber do que estou falando.
Por outro lado, como em toda situação desfavorável, pode haver uma oportunidade. A oportunidade de se aproximar dos seus filhos e filhas para ensinar coisas que a escola não conseguirá, jamais. Tudo bem, você deveria fazer isso no restante do ano também, mas nas férias eles estão à sua disposição.
Ensinando as crianças a cozinhar.
Pegue uma cenoura ou outro legume e mais duas facas sem ponta e sem corte. Raspe a cenoura para tirar a casca, mostrando para a criança como fazer. Ela vai adorar fazer igual. Obviamente, mostre que você está gostando de fazer aquilo, se divertindo e deixe claro a importância daquele ato para que toda a família se alimente.
Ensinando as crianças a lavar a louça.
Primeiramente, você deve lavar a louça e mostrar que nem é tão chato assim. Depois de comer, é preciso deixar tudo limpo. É como brincar, só que é de verdade. Água, sabão e bagunça. As crianças irão adorar. Mas você tem que fazer junto e mostrar que está gostando da experiência.
Primeira lição: a criança vai fazer porque você está fazendo. Se deixar a criança sozinha, ela para de fazer.
Segunda lição: a criança vai gostar se perceber que você gosta.
Terceira lição: não se importe com a bagunça, com a cenoura mal descascada e com a panela um pouco suja ao final da lavagem. Ela está se divertindo e aprendendo. Nada seria mais frustrante para a criança do que uma crítica. Depois da tarefa realizada, vá comprar um sorvete para comemorar o dia que ela ajudou na cozinha.
Isso tudo tem uma relação muito íntima com a liderança pelo exemplo nas organizações.
A liderança pelo exemplo é um mantra que se repete exaustivamente nas organizações, mas pouco se percebe na rotina diária. Como um gerente ou supervisor poderia mostrar, pelo exemplo, a maneira correta de realizar um trabalho em altura ou usar uma ferramenta de corte, se o líder, muitas vezes, não é treinado para fazer trabalho em altura ou usar tal ferramenta? Acaba ficando apenas no discurso.
Existe um esforço pessoal do líder em buscar a informação de como realizar as tarefas corretamente e de se empenhar em fazer as perguntas certas. O outro esforço está na equipe de SSMA em auxiliar esse líder na busca dessa informação e ajudá-lo a aprender. Comece pelo básico, pela análise de risco de tarefas, por exemplo. Não critique os erros, mas reconheça e comemore o envolvimento.
Eu, um profissional na área de SSMA, não me atreveria a usar uma ferramenta de corte ou entrar em um espaço confinado, pois apesar de conhecer tais atividades não as realizo com frequência, logo não tenho perícia para tal. No entanto, consigo avaliar os riscos e questionar qualquer profissional sobre a matéria e indicar as práticas mais seguras.
O líder precisa buscar o mesmo tipo de conhecimento. Provavelmente, esse líder também não sabe como operar uma prensa ou um reator químico, mas em prol dos resultados da organização e da própria condição de emprego, ele precisa saber questionar e conhecer os fundamentos dos processos da prensa e do reator. Isso é muito transparente, se não souber, os resultados estarão comprometidos e sua empregabilidade também.
O conhecimento em SSMA ser uma condição de empregabilidade seria o próximo passo.
A liderança é nata em algumas pessoas, mas para a maioria vêm depois de muito esforço e trabalho. Lapidar a postura de líder no convívio direto com os filhos é um exercício excelente. Poucos terão tanta transparência e sinceridade na comunicação com seus pares quanto terão dentro de casa. Conseguir que os filhos tenham prazer em ajudar na rotina doméstica, através do exemplo e não de ameaças, eleva a categoria do líder da sua organização.
Um abraço,
Eduardo Machado Homem
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