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  • Foto do escritorEduardo Machado Homem

Desenvolvimento da Percepção de Risco

Uma definição clássica de risco está associada à existência do perigo e da interação do perigo com uma pessoa, mas para o entendimento pleno de como desenvolver a percepção de risco, essa definição pode ser superficial e limitante.


Todas as pessoas se colocam em situações de risco diariamente, o tempo todo, em função de algum ganho material ou imaterial. A partir dessa observação, diversas teorias foram e ainda são desenvolvidas para explicar as razões das pessoas se colocarem em tais situações e como elas irão reagir.


O senso comum está em aceitar que não há como saber, antecipadamente, qual será a consequência de correr um risco, pois se isso fosse possível, a própria definição de risco não faria sentido. A grande questão está em fazer as escolhas certas, decidir pela melhor ação para que as consequências negativas sejam irrelevantes ou, pelo menos, minimizadas. Este é o desafio que importa.


Risco pode ser definido como a intensidade com que uma pessoa percebe um perigo como real ou possível. Também pode ser definido como a relação entre a probabilidade de concretização da consequência e a sua magnitude. Obviamente, para o contexto de um ambiente fabril e corporativo, essas duas definições são suficientes, mas outras podem ser adotadas caso uma escala maior da sociedade seja considerada, como, por exemplo, o risco de metas fiscais não serem cumpridas em um determinado país.


Logo, a melhor palavra para acompanhar o conceito de risco é “incerteza”. A análise subjetiva da probabilidade de um acidente específico ocorrer e o quanto pode comprometer em termos de valores financeiros, lesões ou vidas humanas é uma boa definição de risco, no nosso contexto. Apesar de a análise ser um exercício individual dentro de um grupo, não podemos assumir que esteja limitado ao indivíduo, ou seja, existem fatores sociais e culturais como valores, ideologias, história e símbolos que influenciarão o processo de avaliação do risco.


A percepção do risco sofre grande influência do quanto de informação está disponível a um grupo e de como esse grupo lida com essa informação. Por exemplo, empiricamente e racionalmente há menor risco em viver ao lado de uma usina nuclear do que fumar ou dirigir um carro. No entanto, o desconhecimento sobre a tecnologia e as noticias de acidentes de carro e de mortalidade relacionada ao fumo versus acidentes nucleares influencia essa percepção. Em muitos casos, a percepção do risco pode ser um empecilho a uma decisão racional.


Outro fator que influencia a percepção do risco e não pode ser negligenciado é o nível de controle que temos sobre a situação. Em geral, nossa percepção de risco de um acidente de carro é maior quando estamos no banco do passageiro do que quando estamos dirigindo. Se adicionarmos isso ao fato de sermos motoristas experientes, a percepção ficará ainda mais distorcida. Agora, imagine um operador de um equipamento rotativo ou uma prensa hidráulica que trabalha naquele posto há vários anos e nunca se acidentou. É possível que o excesso de confiança torne sua percepção de risco sobre um acidente naquela tarefa de operação, mínima. Para uma percepção de risco mais próxima do real, o operador precisaria ter um nível de maturidade bastante elevado.


O otimismo em relação a um determinado evento também distorce a percepção de risco, ou seja, a possibilidade de ganho de tempo, dinheiro ou prestígio social contribui para que o risco seja minimizado equivocadamente pelo indivíduo em função da ilusão da imunidade às consequências.


Sendo assim, podemos assumir três fatores básicos que influenciam a percepção de risco:


- o nível de entendimento sobre o contexto em que o risco está colocado;


- o quanto o risco é associado com algo altamente perigoso;


- quantas e quais pessoas estão expostas ao risco, simultaneamente.


Atrelados, então, a esses três fatores estão alguns elementos que devem ser considerados para que a percepção do risco se aproxime do real:


-organização e limpeza;


-recompensas;


-experiências anteriores;


-características pessoais;


-condições de saúde;


-padrões praticados;


-nível de confiança entre as pessoas;


-habilidades dos indivíduos envolvidos;


-condições físicas: iluminação e piso regular, por exemplo;


-treinamentos e habilidades;


-antecipação de consequências;


-manutenção de ferramentas, máquinas, equipamentos e infraestrutura;


- custos de resolução do risco.


Além de tudo isso que foi explanado e mesmo se a percepção do risco estiver afiada, se não ocorrer a ação de controlar, de nada adiantará. Boa percepção de risco não é nada sem ação.


Agora, devemos entender a razão de um empregado perceber um risco real de forma adequada e não agir. É evidente que ele não deseja se machucar e que ele é dono de suas decisões por mais que elas possam ser influenciadas. Quais são os fatores que levam o empregado a não agir, mesmo sabendo que deveria? É aqui que entra o papel da liderança.


Um abraço,

Eduardo Machado Homem.


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