Para entender exatamente o que significa ter a “mente na tarefa” experimente manter um único pensamento em sua mente por mais de 5 minutos. Você irá perceber que não consegue, pois não temos total controle sobre ela. Outra experiência é tentar anotar tudo o que se passa em sua mente em um período de 5 minutos. Você perceberá que muita coisa será anotada, serão vários pensamentos.
Agora, acrescente a essa situação de tentar manter a concentração em algo, os ruídos, a iluminação insuficiente, epi e outros fatores que podem distrair um trabalhador. É por isso que a “atenção” do trabalhador não pode ser definida como uma forma de controle. É óbvio que a atenção e a concentração devem fazer parte da rotina de uma atividade, mas o contexto envolvido na atividade deve providenciar um alto nível de atenção e concentração.
Quanto menor o número de fatores que atrapalhem a concentração na tarefa, melhor. A redução do número de fatores ocorre pela implementação de proteções físicas, de manutenção preventiva de equipamentos, de inspeção de pré-uso de ferramentas, de controles de engenharia, pela análise de risco da atividade, pela capacitação continuada do trabalhador, sinalização e outros controles efetivos.
Existe uma forma de ignorar esses controles mencionados anteriormente, uma forma mais sutil de colocar a causa de acidentes na “atenção do trabalhador”: percepção de risco. O acidente ocorre por falta de percepção de risco? A pergunta correta pode ser: o que ocasionou a ausência da percepção do risco? Ou ainda: por que o risco percebido não foi mitigado, controlado ou eliminado?
As causas estarão nas respostas que serão encontradas para essas duas últimas perguntas e, com certeza, essas causas estarão em aspectos sistêmicos, sobre pontos relacionados à gestão organizacional.
Falar de “atenção” e “percepção de riscos” em análises de causas raízes de acidentes é uma forma de culpar pessoas, em geral o trabalhador, pelo acidente. Procure fatos e causas sistêmicas. Quais são os fatos que mostrarão a falha do sistema de gestão em prevenir o acidente?
Um abraço,
Eduardo Machado Homem.